quarta-feira, 11 de agosto de 2010

E o que sobrou não foi nem a metade...

Eu escrevi nas entrelinhas sobre o meu melhor sorriso, sobre a parte de mim que mais implorava para estar com você e a que mais gritava ao te sentir e você não leu. Estive parado por muito tempo no mesmo lugar, sozinho, nem o vento mais forte conseguiu me mover, no entanto ninguém foi até ali para me buscar. Eu mostrei os meus pequenos sonhos e todos os meus segredinhos sujos, deixei cair por varias vezes minhas verdades e mentiras, derramei cada gole do meu delicado veneno, me esquecia a cada momento de lucidez, só sobrou o que eu não conheci e nada disso bastou, nada disso permaneceu ou restou. Eu tentei, eu precisei ser forte para que cada vez que eu chegasse ao nada, conseguisse dizer adeus mais uma vez ao que nunca foi meu. Pensava, reflito, imaginei uma suposta tentativa de ficar feliz e só cheguei naquela velha resposta de sempre, na palavra que completava a frase de um desconhecido, no mesmo lugar. Alcancei o arco-íris para descobrir que ele estava vazio. Desvendei o mistério por trás do espelho para perceber que não posso me enxergar. E errei mil vezes o que eu sabia para notar que eu ainda sou feito de ilusões e ainda pertenço ao nada.

(Lucas Ribas)

4 comentários:

  1. "...para notar que eu ainda sou feito de ilusões e ainda pertenço ao nada."

    Não digo mais nada. Acho que foi um dos melhores textos que li aqui.

    ResponderExcluir
  2. "Eu tentei, eu precisei ser forte para que cada vez que eu chegasse ao nada, conseguisse dizer adeus mais uma vez ao que nunca foi meu."
    é tão difícil admitir que algo que é vc quer tanto não é seu...

    ResponderExcluir
  3. aiai
    tão lindo, tão você.
    cada dia mais.

    ResponderExcluir
  4. "Desvendei o mistério por trás do espelho para perceber que não posso me enxergar." (Amei essa frase)
    Nossa, muito bom o texto! Mesmo.
    Cada dia mais. [2]

    ResponderExcluir

Total de visualizações de página