terça-feira, 1 de março de 2011

Resposta

É a mudança. Acho que tenho andado meio distraído com tudo isso, se você estivesse aqui iria reparar no pouco de tinta que deve ter respingado no meu cabelo. Não sei se você esperava por essa resposta, mas é que ontem quando eu recebi sua carta coincidentemente eu escutava aquela música, que por sinal também não era de Roberto. Era um dueto de Marcelo e Mallu, exatamente como nós dois “Eterno ou o não dá”, lembra-se agora? Na verdade não houve coincidência, ela é a única musica que eu escuto desde que peguei aquele avião, e sempre espero a continuação saindo das nossas vozes. Não deveria estar te dizendo isso, mas até agora eu não descobri se eu voltarei a sorrir sabendo que você está feliz sem mim. Me atrevo ainda a dizer que sinto sua falta a cada frame de segundo desse filme que na minha memória nunca parou de rodar. Memória! Você tem razão ela nos prega cada peça, por um acaso me lembrei dos nomes que os nossos filhos teriam, você sempre ria da minha cara por eu ter essas vertigens, mas eu gosto delas, elas me fazem acreditar em algo que já não é tão real quanto eu esperava. De vez em quando ao entrar em meu quarto imagino você lá me esperando, mas por ser tarde já vai estar dormindo, então fecho a porta sem fazer muito barulho deito ao seu lado passando a mão lentamente entre seus cabelos, daquele jeito que você gostava e se arrepiava inteira, porém tenho que lembrar de fazer isso com cuidado, porque sei que se você acordar não vai mais estar ali e assim ao seu lado consigo dormir a noite inteira sem medo, longe das dúvidas e dos males lá de fora. Você sabe que eu não gosto muito de escrever, de falar sobre mim, deve ter sido esse meu erro. Mas é isso, não é? Eu deixo você partir, mesmo não sendo o que quero, é apenas o correto a ser feito. Eu com toda certeza sou um estrangeiro, entretanto ainda não estou acostumado com essa distância, eu sei que vou me adaptar, é que no momento eu ainda estou perdido, é só mais uma questão de tempo. Vou te contar um último segredo, estou me mudando para aquela casa-barco que ficamos quando estive aí, acho que não vou ficar lá, seria muito cruel para eu estar lá sem você. Mas vai passar, tem que passar. Adeus e se alguém me perguntasse o que deverá ser doce, talvez não saiba responder como disse esse mesmo escritor. Te amo hoje e sempre. PS: Castanhos, meus olhos são castanhos, estranhamente iguais aos seus.

2 comentários:

  1. ah caramba! morri, fiquei imaginando a pessoa pra quem 'eu escrevi' me respondendo, e o ps ficou sensacional. Não vou te matar pq ficou lindo (; a gente entende.

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  2. De repente me peguei fuçando,quão lindas são os escritos que vem do coração né. Parece que mesmo sendo dor, tem algo que transcende a imaginação. É. Realmente é lindo.

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