terça-feira, 25 de março de 2014

Pensamentos desconexos de um fim, o ócio, e o aperto da saudade

Tô indo embora. Acelero o carro com um único pensamento: venha atrás de mim, faça qualquer movimento pra eu parar. Eu preciso que você me faça ficar. Você não vem, fica de costa e aos poucos a tua imagem vai sumindo do espelho, dos meus olhos e congela permanentemente, aos menos por enquanto, no meu peito. Primeira contração. O estômago aperta, toda bebida consumida tenta sair. Piso no acelerador, mais rápido, mais rápido. Um único desejo: terminar essa dor. Verde. Por que você não disse nada? Verde. Em dez minutos estarei em casa. Acabou. Você tem certeza? Verde. Na avenida mais movimentada da cidade e todos os sinais abertos. Eu não quero ir. É claro que não tenho certeza, mas eu preciso que me lembre porque eu quero ficar. Verde. É o penúltimo sinal, e eu queria te dizer que eu sou um medroso, que eu não sei receber amor, eu tô indo embora pra te proteger de mim, que quando eu me sentia agoniado com seu toque, eu queria que você abraçasse, eu não sei ser amado. Eu não sei. Verde. Viro a esquerda. Em cinco minutos estarei em casa, por favor, eu não quero chegar, por favor me dê a coragem que preciso pra voltar. Não é teu orgulho, é meu egoísmo. Eu preciso que você me entenda, olha pra mim, olha porra. Tá escrito! Eu preciso que você me leia. Eu sei que é você, sei que tô pedindo demais, mas eu quero ficar e só assim eu vou conseguir. Entro na garagem. Nos próximos quarenta minutos passarei dentro do carro, ligarei pra alguém, chorarei, e tentarei me convencer de voltar. Alô? Choro. Terminei. Choro. Eu não consigo. Choro. Eu não quero que ele sofra. Choro. Choro. Choro. Olho meu celular procurando qualquer vestígio seu. Nada. Você não suporta o meu amor. Coração moído. Olhos ardentes. Boca sem gosto. Segunda contração. Morro? Durmo. Acordo. Cadê você meu amor?

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