sábado, 15 de outubro de 2011

III

Esqueceste? Assim tão facilmente? Como é difícil menina viver num mundo cheio de lobos, é perigoso. Como a gente se engana ao pensar que é mais fácil seguir pelo atalho. Perdi o juízo, imaginei que por acaso andávamos juntos, lado a lado, mas esqueci que sempre alguém dá passos maiores. Vai já que perdeste o medo de andar sozinha, vai. Vai enquanto eu tenho amor por ti.




Ela tinha dito que iria ficar, no entanto, ao abrir meus olhos nada mais - de nós, dela, de mim, de porra nenhuma. Malas feitas, o travesseiro intacto e um bilhete: “Eu só estou tentando ser feliz, não que eu não tenha sido até agora, mas é que acho que estou esquecendo como é ter fé. Eu queria tanto ser como você, que acredita todos os dias que amanhã será outro dia e tudo pode começar de novo”. O que eu podia dizer? Ela se foi. Eu podia gritar, podia ir atrás dela, podia, mas fiquei ali parado, lendo inúmeras vezes aquele adeus escrito sobre um guardanapo velho. E foi o que sobrou de repente... Um guardanapo velho. E chorava, e ria, e chorava, e ria, e sentia tanta raiva e tudo isso na esperança de ainda não ter acordado. E passei o dia todo assim, engolindo a seco a sensação de perda. O meu amor, e onde estão os bons modos? A gente poderia ao menos ter tido mais uma noite, ou só um beijo, um aperto de mão já bastava. Não vês que assim me condena a saudade sem chance alguma de redenção? Ah minha menina eu precisa tanto que você também precisasse de mim. E de uma hora pra outra me pego pensando – O quanto eu te amei? O quanto você sabia que eu te amava? – Por um acaso meu bem eu teria passado tempo demais sofrendo pelo seu amor e esqueci de dá-lo a você. Fui te deixando só, da maneira como queria, e fui amando cada vez mais a solidão ao invés de amar você. Amei incondicionalmente o amor que eu tenho por você. Eu passei tanto tempo implorando por você, quando eu mesmo te afastava por medo. Como podemos ter ido tão longe errando tanto?







Talvez eu ame menos. Talvez me torne mais frio. Ou talvez eu ame mais, da maneira certa (se existir). Talvez eu ame Ana, talvez eu seja como Pedro. Talvez eu tenha esquecido. Talvez eu tenha medo, eu tenho medo. Ou talvez eu ganhe uma coragem que me torne incrivelmente forte. Talvez eu volte. Talvez eu fique. Talvez amor não fosse pra ser escrito, somente vivido e tomara que eu viva mais daqui pra frente.


Ana: E se não for pra sempre? Você promete que vai me ver todos os dias pra me dar jujubas?
Pedro: Acho que sim, não sei, eu não pensei nisso.
Ana: Pedro se um dia eu for embora você promete que vai me buscar?
Pedro: Se você prometer não ir tão longe. Por que você está fazendo tantas perguntas?
Ana: Toma.
Pedro: Um guardanapo?
Ana: Leia...





“Eu acho que também gosto muito de você”

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