quarta-feira, 21 de julho de 2010

Cartas de um suicida

Estava sentado em sua cama com aquele mesmo pijama que não tirava há dias, o livro ao lado da cabeceira marcando a mesma página que nunca terminara de ler e por o ultimo o espelho em sua frente mostrando a mesma face desesperada e escondida durante muito tempo dele mesmo. Já tentara sair daquele estado deprimente e sufocante, mas sua dor era insuportável e por algum motivo, talvez o fato de ter sido ali seus últimos momentos de alegria, aquele lugar o deixava preso e ainda trazia breves momentos do seu melhor êxtase. Não comia, não bebia, já tomara todos os remédios possíveis desde as mais fracas aspirinas até o pior de tarja preta, só que no seu caso nada mais fazia efeito. O telefone tocava, pessoas chegavam e saiam e ali ele ficava sem falar nada, sem mover um olho para ver o que acontecia. Há semanas atrás nem o mais intimo dos seus amigos iria dizer que ele ficaria desse jeito. Não era ele o dono do sorriso que aparecia até mesmo nas manhãs de sábados quando era obrigado a acordar? Ninguém ousaria a julgar aquele rapaz cujos olhos ainda demonstravam a mesma inocência de uma criança ao rasgar uma nota de cem reais. Não percebera, mas estava cada vez mais se entregando para onde nunca queria ter chegado, onde só os fracos são carregados da mesma forma que ele era puxado. Ele não queria, mas não tinha onde se segurar estava só, lembranças, dores eram seus únicos apoios firmes e assim sendo o talvez o fim não fosse tão ruim, quem sabe poderia ser a melhor parte daquela história que nem ele mesmo sabia que estava escrevendo. Estava sentado em sua cama com aquele mesmo pijama que não tirava há dias, o livro ao lado da cabeceira marcando a mesma página que nunca terminara de ler e por o ultimo o espelho em sua frente mostrando a mesma face desesperada e escondida durante muito tempo dele mesmo e somente aguardava o que já estava acontecendo.


(Lucas Ribas)

6 comentários:

  1. Este comentário foi removido pelo autor.

    ResponderExcluir
  2. Evoluindo rápido na forma de escrever ein bebê. Estou gostando bastante de ver, de ler no caso.
    ;)

    ;*

    ResponderExcluir
  3. Muito bom! E aquele título que você falou caberia mesmo nesse texto, mas enfim...
    Adorei.

    ResponderExcluir
  4. As coisas podem mudar completamente de uma hora para outra. Ótimo texto.

    ResponderExcluir
  5. Simplesmente adorei a repetição do início no final! *.*
    Ótimo, mesmooo.

    ResponderExcluir

Total de visualizações de página